11. Culto

Sempre que eu abria os olhos para a luz da manhã e percebia que sobrevivera a outra noite, era uma surpresa. Passada a surpresa, meu coração começava a disparar e a palma das mãos suava; eu não conseguia respirar até que me levantasse e checasse se Charlie também sobrevivera.

Eu sabia que ele estava preocupado - vendo-me saltar a qualquer ruído alto, ou meu rosto de repente ficar lívido por nenhum motivo que ele pudesse distinguir. Pelas perguntas que me fazia de vez em quando, ele parecia atribuir a mudança à ausência contínua de Jacob.

O pavor que sempre vinha antes de tudo em meus pensamentos costumava me distrair do fato de que mais uma semana se passara e Jacob ainda não tinha telefonado. as quando conseguia me concentrar em minha vida normal - como se minha vida já tivesse sido realmente normal -, eu ficava aborrecida.

Sentia uma saudade terrível dele.

Já era bem ruim ficar sozinha antes de estar apavorada. Agora, mais do que nunca, eu ansiava por seu riso despreocupado e seu sorriso contagiante. Precisava da sanidade segura de sua oficina caseira e de sua mão quente em meus dedos frios.

Cheguei a esperar que ele ligasse na segunda-feira. e tivesse havido algum progresso cm Embry, ele não iria me contar? Queria acreditar que era a preocupação com o amigo que ocupava o tempo de Jacob, e não que ele apenas tivesse desistido de mim.

Liguei na terça, mas ninguém atendeu. Será que o telefone ainda estava com defeito? Ou Billy comprar um identificador de chamadas?

Na quarta, liguei a cada meia hora até depois das onze da noite, desesperada para ouvir o calor da voz de Jacob.

(MEYER, p. 182)

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