9. Triângulo

O tempo começou a passar muito mais rápido do que antes. escola, trabalho e Jacob - não necessariamente nessa ordem - criaram um padrão simples e tranquilo a seguir.E Charlie conseguiu o que queria: eu não era mais infeliz. É claro que não podia me enganar com por cento. Quando parava para avaliar minha vida, o que eu procurava não fazer com muita frequência, não podia ignorar as implicações de meu comportamento.

Eu parecia uma lua perdida - meu planeta destruído em algum cenário desolado de cinema-catástrofe - que continuava, apesar de tudo, a rodar numa órbita muito estreita pelo espaço vazio que ficou, ignorando as leis da gravidade.

Eu estava melhorando com a moto, o que significava menos curativos para preocupar Charlie. Mas também significava que a voz em minha cabeça começava a sumir, até que não ouvi mais. Silenciosamente, entrei em pânico. Atirei-me na busca pela campina com uma intensidade um tanto frenética. Vasculhei meu cérebro à procura de outras atividades que gerassem adrenalina.

Não acompanhava os dias que passavam - não havia motivo para isso, já que eu tentava viver o máximo possível no presente, sem passado se desvanecendo, nem futuro iminente. Então, fiquei surpresa quando Jacob colocou em pauta uma data em um de nossos dias de dever de casa. estava esperando quando parei o carro na frente da casa dele.

- Feliz Dia de São Valentino, o Dia dos namorados - disse ao me receber, sorrindo, mas baixando a cabeça.

Ele estendeu uma caixa pequena e cor-de-rosa, equilibrando-a na palma da mão. Balinhas do formato de corações.
(MEYER, p. 148)

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