- Bella, porque você não encerra seu expediente? - Sugeriu Mike, os olhos voltados para o lado, sem realmente olhar para mim. Perguntei-me por quanto tempo aquilo estava acontecendo sem que eu percebesse.
Era uma tarde monótona na Newton's. No momento só havia dois clientes na loja, mochileiros devotados, a julgar pela conversa deles. Mike passara a última hora lhes falando dos prós e contras de duas marcas de mochilas leves. Mas eles pararam por um momento de avaliar os preços para se entregar a uma competição das mais recentes histórias de trilhas de cada um. A distração deles deu a Mike a oportunidade de escapar.
- Não me importo de ficar - eu disse. Eu ainda não conseguira afundar em minha concha protetora de torpor, e naquele dia tudo parecia próximo e nítido, o que era estranho, como se eu tivesse tirado algodões dos ouvidos. Tentei sem sucesso me desligar dos mochileiros que riam.
- Estou dizendo - falou o homem atarracado, com uma barba alaranjada que não combinava com o cabelo castanho-escuro. - Vi uns ursos-pardos muito perto em Yellowstone, mas eles não eram tão grandes. - O cabelo dele estava fosco e as roupas pareciam ter ficado em sua mochila por vários dias. Direto das montanhas.
- Não pode ser. Os ursos-negros não ficam tão grandes assim. Os ursos que você viu deviam ser filhotes. - O segundo homem era alto e magro, o rosto bronzeado e maltratado pelo vento como uma impressionante crosta de couro.
- É sério, Bella, assim que esses dois desistirem, vou fechar a loja - murmurou Mike.
(MEYER, p. 92)
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